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DadosCast #24: Transformação digital numa grande rede farmacêutica e Analytics para logística

No episódio #24 do DadosCast, apresentado por Daniel Luz e Claudio Lima, convidamos Pedro Praxedes e Alexandre Varella para discutir sobre o case de transformação digital de uma grande varejista do setor farmacêutico e a importância do Analytics no setor de logística.

Pedro Praxedes já atuou como VP de TI na Pague Menos, e hoja faz parte do conselho de administração da L’auto Cargo e Amontada Valley, e é advisor do Ninna Hub.

Alexandre Varella já foi Engenheiro de Dados na beAnalytic, e hoje trabalha como gerente de TI na L’auto Cargo.

Ao longo do episódio eles exploraram a trajetória tecnológica de uma das maiores redes farmacêuticas do país, além também tratar da importância dos dados e analytics para logística.

O episódio em áudio está disponível nas principais plataformas de podcast, mas você também pode assistir a esse encontro em vídeo no YouTube.

Gostou desse podcast? Ouça também o episódio anterior: O impacto da Engenharia de Dados nas empresas – beAnalytic


Quem é o Alexandre Varella e como ele entrou na engenharia de dados 

Alexandre Varella é engenheiro de produção formado pela UFRN, e durante sua graduação fez um intercâmbio no Canadá focado na área de computação. Após a graduação passou um tempo como analista de dados, depois engenheiro de dados, e hoje atua como gerente de TI na L’auto Cargo. 

Como eu era da engenharia de produção comecei na logística como estagiário, e aí eu tinha facilidade em mexer no Excel e algumas coisas do tipo, e também programação. Aí acabamos criando esse braço lá na empresa de desenvolvimento. – Alexandre Varella 

Hoje ele é responsável pela infraestrutura de redes, sistemas e o desenvolvimento de dados dentro da L’auto. 

Quem é Pedro Praxedes e como entrou na área da tecnologia 

Pedro é administrador de empresas, mas sempre foi um entusiasta da tecnologia. Seu primeiro contato com a área foi como estagiário de desenvolvimento na Tele Ceará, e antes disso estagiava no ramo de consultorias. 

Sempre fiquei em dúvida de qual seguir entre essas duas carreiras, mas o destino escolheu que eu tivesse a primeira oportunidade na tecnologia como programador na Casas Pernambucanas. Então eu realmente entrei na área de tecnologia, aprendi muito e construí a carreira nessa área. – Pedro Praxedes 

Após sua experiência na Casas Pernambucanas, uma rede de varejo, e depois trabalhou por dois anos como servidor público na secretaria da fazenda, mas acabou não se identificando nessa posição. Após isso ele passou por mais dois anos no setor industrial enquanto também trabalhava como autônomo, e foi aí que ele começou na Pague Menos, onde anos mais tarde se tornaria VP de TI.  

Entrei pela área de tecnologia porque tinha essa necessidade de desenvolvimento de sistemas. O fundador da empresa sempre foi um visionário, ele tinha realmente uma estratégia e objetivo de crescimento muito grande, e claro que necessitava realmente de tecnologia, sistema, processo, automação. – Pedro Praxedes 

Após o início na área tecnológica, Pedro partiu para a área de negócios, logística, até chegar no cargo de VP de tecnologia, onde ficou até 2020. Nesse ano ele resolveu fazer uma transição de carreira, e hoje atua como conselheiro administrativo na L’auto Cargo, e advisor do Ninna Hub, que é um hub do ramo de inovação e transformação.  

Algoritmo de previsão de demanda 

Pedro conta que o fundador da empresa sempre foi visionário, e sempre se preocupou em ter sistemas internos arrojados. Inclusive, a Pague Menos foi uma das primeiras redes farmacêuticas a trabalhar com os PDVs, aqueles sistemas de frente de caixa para registrar vendas e emitir notas fiscais.  

Ao final dos anos 80 a empresa aderiu em seu processo um algoritmo de previsão de demanda, onde toda noite as informações das lojas eram processadas, o qual foi usado até 2018 pela empresa. Antes disso, todo o controle e gestão de estoque da empresa era feita manualmente, loja por loja. 

Contudo, à época a empresa tinha um centro de distribuição com baixa eficiência, repondo cerca de 80% da demanda das lojas. Sendo assim, a operação de TI liderada por Pedro assumiu um projeto onde migraram o sistema do CD da matriz para um lugar mais bem posicionado e equipado para atender à demanda das lojas, focando em ferramentas de automação e gerando dados de alta qualidade para os processos internos. 

Pedro também relata que no fim da década de 80 e início dos anos 90, mesmo com as limitações tecnológicas, à noite todas as lojas enviavam seus fechamentos de caixa a partir de um modem com internet discada. Claro, havia erros ou problemas com certa frequência nessa transmissão, mas já era uma grande evolução em vista do sistema manual anterior.  

O que chama atenção também é a complexidade de todo o processo, pois esses dados envolviam informações do financeiro, contábil, fiscal e pessoal, já que também havia comissionamento sobre as vendas.  

Concorrentes se ajudando 

Pedro contra que no fim dos anos 90 para o início dos anos 2000 a Pague Menos fez parceria com a Drogaria Araújo para criarem soluções de infraestrutura de dados e desenvolvimento em suas operações – a principal sendo uma solução de ERP. 

Eu acho esse um grande case, porque eram dois concorrentes que trabalharam juntos para consolidar um objetivo. Fazer um ERP baseado em SQL, uma tecnologia bem mais avançada do que a existente (COBOL), trabalharam super bem juntos, e depois cada um tomou conta do seu caminho. Continuamos sendo concorrentes nenhum problema. – Pedro Praxedes 

Eram duas empresas que atuavam em regiões diferentes, mas com demandas similares. A Pague Menos tinha um foco de expansão no Nordeste, enquanto a Araújo tinha foco de expansão no estado de Minas Gerais. Essa experiência foi bastante enriquecedora para ambos os lados, pois puderam aprender um com o outro.  

Desafios na logística 

Havia uma baixíssima eficiência operacional no setor de logística da empresa, e como não havia know-how suficiente para lidar com essa situação, o setor acabou se acostumando com isso, gerando um gap para a empresa. 

Pedro, que sempre gostou de administração, implementou um novo modelo de gestão. Passou a ter processos e fluxo de dados muito bem definidos, bem como a documentação desses processos e treinamento periódico.  

Você define os KPIs […], você faz a análise desses indicadores mensalmente, e aí você começa a ter uma cultura realmente de analisar as coisas, porque essa é a grande questão da gestão. Você fazer a análise, você fazer o acompanhamento do que está a acontecer para tomar uma decisão e uma correção de rumo, e isso tem que ser baseado em dados. – Pedro Praxedes 

Automações 

Houve então uma segunda migração de centro de distribuição da empresa por volta de 2011, de um local de 8 mil m² para um novo galpão de 20 mil m². Com essa mudança também veio a automação desse CD, se tornando o primeiro centro de distribuição automatizado no varejo do Brasil.

A automação era uma linha de transporte automático junto à uma tecnologia de separação de mercadoria.  

Você tem as estações de trabalho, a caixa transportadora transita pela linha, tudo o que tem que naquela caixa o sistema já sabe, e ele vai parando em cada estação de trabalho e vai acendendo os pontos luminosos dizendo qual é a quantidade que tem que ser separada. O operador vai e separa [os produtos], coloca na caixa e libera. – Pedro Praxedes 

Essa linha de transporte consumia e gerava uma alta quantidade de dados, ou seja, o insumo para alimentar os primeiros Dashboards de BI implantados. A empresa sempre teve uma forte gestão de rotina, onde os colaboradores do CD se dividia em equipes e unidades de trabalho, e cada unidade estabelecia KPIs próprios, lembrando o método SCRUM.  

Era analisada a meta do dia anterior nessas reuniões diárias e os impedimentos, investigando a causa raiz de possíveis problemas na linha de transporte. Havia também reuniões semanais e mensais, analisando os possíveis planos de ação para correções e melhorias.  

A gente saiu de uma média de atendimento [das filiais] de 83%, 85%, e hoje é 99.5%, 99.7%, já é um nível de atendimento lá em cima. Baseado em que? Processo, sistema, automação e análise de dados e estabelecimento de um modelo de gestão. Não tem como não funcionar. – Pedro Praxedes 

Gameficação 

Além da parte técnica e operacional, a empresa também precisou contar com muito engajamento de equipe, e para tanto havia uma cultura de jogos e premiações entre as equipes afim de estimular a competição interna.  

Inovação 

A Pague Menos sempre esteve na vanguarda das tecnologias de otimização operacional e de custos, mas também sempre houve preocupação com a inovação e diversificação de produtos e serviços. Entre 1988 e 1989 a empresa começou a prestar serviço de pagamento de contas, inicialmente com a Tele Ceará, empresa do ramo de telefonia.  

Pedro conta que desenvolveram um sistema rudimentar que fazia leitura de código de barras, tecnologia que nem a própria empresa de telefonia possuía na época. 

Seguindo nessa toada, já em 2011 vieram os primeiros painéis de BI, e Pedro conta que a empresa foi um dos primeiros usuários de Tableau no Brasil, tendo migrado mais recentemente para o Alteryx. Hoje também o algoritmo de previsão de demanda já foi reformulado e está muito mais robusto que a primeira versão.  

Cultura Data-Driven 

Pedro credita a possibilidade de espalhar uma cultura orientada a dados na empresa pela sua paixão dupla por TI e negócios. Ele aliou tudo o que havia de mais recente na tecnologia para auxiliar a gestão do seu setor. Outros setores da empresa começaram a se empoderar com seus novos painéis, e a cultura de dados acabou se espalhando não intencionalmente pelo restante da empresa. 

Sua visão era de que os dados sempre deveriam ser geridos e estarem disponíveis para a área de negócio, enquanto o TI se encarrega do suporte para que tudo ocorra corretamente.  

Área de TI vs área de negócios 

Para que todas as inovações pudessem ser implementadas, foi necessária uma alta sinergia entre os setores de TI e de negócios. A metodologia interna da empresa também foi um fator determinante.  

Você comentou sobre SCRUM, e ela já vem pra quebrar um pouco disso (afastamento da TI e e negócios), ela já fala de colaboração. Você no time SCRUM, você tem um time junto. Quando você começa a utilizar metodologias mais modernas de agilidade, no cerne disso tá a colaboração, e a colaboração significa aproximação com o negócio. Não tem outra forma. – Pedro Praxedes 

Pedro ainda advoga que os profissionais de TI devem se especializar em gestão de empresas, pois a TI não pode ser vista somente como suporte, mas deve fazer parte da estratégia da empresa e da área de negócios. Por outro lado, o usuário de negócios também precisa se adaptar às novas tecnologias, como bancos de dados e BI. 

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